domingo, junho 08, 2008

O BURRO E O CAVALO

Baseado em uma fábula de La Fontaine.


Diz um velho ditado que a união faz a força. Estribado nele, diversos outros provérbios sustentam que todos, neste mundo, deveriam se auxiliar mutuamente, pois como ninguém vive sozinho, não há como negar que uma mãozinha aqui, ou outra mãozinha ali, ajudam a superar os entraves e obstáculos com que o dia-a-dia costuma dificultar a caminhada de cada um.

Conta uma lenda que certo dia, há muito tempo, um cavalo e um burro acompanhavam seu dono. O primeiro, imponente e orgulhoso de sua aparente linhagem inglesa, carregava nas costas apenas um arreio ricamente trabalhado, enquanto o segundo, coitado, mal e mal podia manter-se na mesma cadenciada seqüência de passos do companheiro que seguia a seu lado, vergado ao peso da carga exagerada que haviam colocado sobre si. A certa altura do caminho, o burro, desgastado pelo esforço enorme que fazia, conseguiu reunir forças para pedir ao cavalo, entre arquejos, pausas e suspiros, que este o ajudasse, pois havia chegado ao limite de sua resistência. E dizia com voz que mais parecia um sopro:

- Veja que o meu pedido não é sem sentido, porque metade do peso que colocaram sobre meu lombo certamente será para você um fardo muito leve. Além disso, como já não agüento mais tanta canseira, tenho certeza de que se continuarmos assim, logo, logo, eu estarei ao lado dos meus antepassados. Por isso lhe peço: tenha piedade e me livre de morrer de forma tão humilhante.

Totalmente indiferente a essa súplica, o corcel seguia adiante sem ao menos um olhar de esguelha ao companheiro às portas da morte, até que, percorridos mais alguns metros do caminho, o burro vergou as patas dianteiras, bambeou o corpo durante alguns segundos, e finalmente tombou de lado, não mais se mexendo.

Complementando a história, resta dizer que horas depois o viajante deu prosseguimento à viagem, não sem antes colocar sobre o cavalo soberbo toda a carga que o animal morto levava, mais a pele do pobre-coitado.


Moral da história: Cedo ou tarde os arrogantes e pretensiosos também encontram a sua hora, descobrindo, então, que nada os diferencia dos seus semelhantes.

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