terça-feira, março 29, 2005

sexta-feira, março 18, 2005

Sobre os Seis Tiros ....



Foi num dia de domingo, dia que marcou algumas pessoas cuja presença se fazia.
Inicialmente pra mim foi algo normal, sabia minhas funções ao dia e fui faze-las.
Recolhi os cães aos seus devidos “aposentos” e depois fui verificar o estado em que se encontrava a casa...como sempre...bem marcada pelos animais... normal, como todo santo dia..., lá fui...limpar...
Mais tarde aparece a moça que seria responsável pela festa do dia, ela que estaria comemorando seu aniversario e queria ver tudo preparado pra receber seus convidados...fiz algumas coisas na eletricidade, encanamento e principalmente na comida, “que fome”....
As bebidas gelando, as cadeiras sendo colocadas e a piscina brilhando.
Meio dia vai chegando a primeira leva de convidados, estes eu já conhecia de outras comemorações...


Quatorze horas e a casa já estava cheia...musica tocando ( um belo equipamento de som fazia as mulheres cair na dança), bebidas sendo consumidas e o feijão pronto pra ser apreciado...
Quando bateu dezesseis horas já estava no quarto, bem acompanhado, vendo meu trabalho no computador e ..... Pá ... Pá..... Pá........Pá.....Pá.....Pá......... seis tiros....barulho....correria...e.... silêncio ..

Fui na varanda...não se via nada... desci correndo, olhei pra o namorado da aniversariante e fiz um sinal pra me seguir...

Abri o portão.. uma moto ao chão .... pingando olho que se espalhava entre os carros que ali estavam no momento, carros estes das pessoas presentes na festa...
Na esquina algo ocorria.. muitas pessoas olhavam a frente..o que seria? Então fui procurar respostas... olhei e nada vi... pessoas apontavam lá a baixo...

Algumas fofocavam.. citavam nomes...”foi ele...” .. “tomara que morra...”
Então que percebi um rapaz vindo, da direção os olhares, cambaleando... mãos tocando o corpo.. “alguém me ajude...” gritava por socorro... e caiu ao chão...
Eu.. sabia quem era... sabia...

E por alguns segundos eu queria o pior pra ele...e como queria....mas, quando percebi que não era só eu...e sim, todos presentes ... o que estava ocorrendo comigo?...
Pedi ao namorado da aniversariante pra pegar o carro e avisar exatamente pra uma determinada pessoa o que tinha ocorrido e quem era a pessoa que, aos gritos, pedia por socorro...

“não faça isso... deixe ele lá”
“não coloque sua família nesta historia...”
“deixe ele morrer...ele não presta....”
“cuidado....”
“era um malandro...pq você vai ajuda-lo?”
“por mim que ele morra...”

Não estava fazendo isso por alguem...nem por ela.. nem por ele..
Estava fazendo isso por mim mesmo.... eu tanto como queria o mal pra ele...ao ponto de querer fazer... mas naquele momento.. era um ser vivo...tentando viver e pedia por ajuda...
Poderia ser qualquer um ali... ate mesmo eu.. ou um amigo, parente...
Poderia...foram seis tiros..

Pegamos o carro... ninguém queria toca-lo... então era eu e meu companheiro pra ajudar... e fizemos..ele era policial... e foi fácil transporta-lo.
Saímos de cena...sobre olhares de curiosos.. de fofoqueiras de plantão, tantos olhares...que tavão criando um peso contra minha ação...
Deus... ainda briguei com um amigo e convidado... por causa de tudo isso... não só com ele... mas com tantas outras pessoas que só estavam ali pra se divertir...
Minha anciã foi embora...outros convidados também foram...
E a aniversariante, com olhares de raiva, se abatia de tristeza pelo problema, que não era dela, ter ocorrido...era a festa dela...aniversario...

Deixamos a criatura no hospital...ele mais a pessoa que o conhecia bem...e eu a ela...
Fizemos uma ocorrência.. e depois de uma hora estávamos voltando pra casa...
Ouvi sermões... briguei mais um pouco...e.. voltei ao meu quarto...estava vazio...era só eu e ele.. então ... abri um vinho que teria guardado mais tempo...e saboreei a sois (eu e o vinho)...olhando a varanda e o céu que ali se fazia presente...


"alugando casa...."